Tireóide de Hashimoto
A tireoidite de Hashimoto, ou tireoidite linfocítica crônica, é uma doença autoimune cuja principal característica é a inflamação causada pela ação de anticorpos contra as células da tireoide. Esses anticorpos provocam a redução da atividade da glândula ou até sua destruição. Além de aparentemente haver um fator genético, geralmente acomete mais o público feminino (três vezes mais) que o masculino, e sua prevalência aumenta à medida que as pessoas envelhecem.
O hipotireoidismo causado pela tireoidite de Hashimoto é mais lento que os causados por outras etiologias, pois o processo de destruição da tireoide dura vários anos. Conforme as células vão sendo atacadas, a capacidade da glândula de produzir T4 e T3 vai reduzindo. Notando que há uma queda nesses níveis, a hipófise aumenta a secreção de TSH, estimulando as células da tireoide que ainda existem a aumentar a produção de hormônios.
Por isso, em alguns casos, antes da instalação do hipotireoidismo, pode até ocorrer o contrário: um quadro de hipertireoidismo. Como a ação dos anticorpos estimula a tireoide, ocorre, temporariamente, a liberação de mais hormônios que o desejado. Na maioria das vezes, porém, o paciente não apresenta sintomas nas fases inicias da doença, mas as análises de sangue já acusam um TSH mais alto que o normal. Essa fase é chamada de hipotireoidismo subclínico, como explica o endocrinologista Antônio Benigno, de Salvador (BA).
Quando os hormônios da tireoide chegam a níveis baixos, começam a surgir os sintomas do hipotireoidismo. Eles influenciam todos os sistemas orgânicos, aumentando as atividades metabólicas de quase todos os tecidos corporais, além de influenciar o crescimento corporal. Os sintomas mais comuns são: fadiga, depressão, falta de iniciativa (adinamia), pele seca e fria, prisão de ventre, diminuição da frequência cardíaca, decréscimo da atividade cerebral, voz mais grossa – como a de um disco em baixa rotação –, mixedema (edema duro no pescoço), diminuição do apetite, sonolência, reflexos mais vagarosos, intolerância ao frio, ganho de peso e câimbras, além de alterações menstruais, na potência e na libido.
Com tratamento para hipotireoidismo, os pacientes conseguem levar uma vida normal. “É importante ter atenção, porém, pois a tireoidite de Hashimoto pode, em raros casos, vir associada a outras doenças autoimunes, que o endocrinologista está habilitado a suspeitar e investigar”, explica o médico. Segundo a nutricionista Camila Marques, da Clínica Nutrissoma, em Porto Alegre (RS), pessoas que têm doenças autoimunes como diabetes e doença celíaca têm mais chance de desenvolver tireoidite de Hashimoto.
Tratamento
Há opções de tratamento que controlam a doença de forma eficaz. A droga usada normalmente é a levotiroxina sódica, que é um T4 sintético, administrada uma vez por dia com estômago vazio (1 hora antes de comer ou 2 horas depois).
A absorção intestinal da levotiroxina sódica aumenta com baixo pH gástrico e em jejum, e pode estar diminuída na ausência de jejum. O objetivo do tratamento é manter o TSH dentro da faixa de normalidade, que varia entre 0,4 e 4,0mU/L. Para isso, o médico pode ter de alterar as doses do medicamento, contando com a farmácia de manipulação para esse ajuste. O tratamento é feito ao longo da vida e não pode ser interrompido, além de exigir a dosagem do nível dos hormônios rotineiramente.
Nutrição
A nutricionista Camila Marques lembra que, em alguns casos, o paciente não possui apenas uma doença, mas uma soma de situações de saúde. “Prescrever manipulados é interessante, pois nos permite incluir mais de um composto na fórmula. Com isso, o custo pode ser menor para o paciente, e os benefícios também. Micronutrientes (vitamina D e vitaminas do complexo B), probióticos (Lactobacillus delbrueckii e Lactobacillus johnsonii), Ganoderma lucidum e wellmune são bons exemplos do que pode ser manipulado de forma coadjuvante para melhorar a imunidade do paciente com tireoidite de Hashimoto”, afirma a nutricionista, que também pondera: “Uma alimentação equilibrada permite a melhora da saúde e da imunidade”.
quilibrada permite a melhora da saúde e da imunidade”. Alguns nutracêuticos têm sidos utilizados no tratamento coadjuvante do hipotireoidismo primário e na tireoidite de Hashimoto. Os principais estudos relatam a eficácia do selênio e do iodo, vital para a síntese dos hormônios tireoidianos. Oligoelementos como o zinco, o ferro e o cobre também têm demonstrado efeitos positivos. Já o ácido alfa lipoico, antioxidante, demonstra utilidade no manejo coadjuvante do hipotireoidismo. O fucus vesicuosus, uma alga rica em iodo, também tem efeitos benéficos como suplementação auxiliar. “A prescrição nutricional é individualizada, utilizo algumas formulações conforme o quadro de saúde do paciente”, diz Camila Marques.