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Momento delicado - A depressão pós-parto


A depressão pós-parto atinge mais de um quarto das brasileiras durante o puerpério

 

Segundo uma pesquisa realizada pela Fiocruz e publicada no Journal of Affective Disorders em 2016, a depressão pós-parto acomete mais de 25% das mães no Brasil. A paciente apresenta humor deprimido, ansiedade excessiva, insônia e mudança no peso, em um quadro conhecido como “desafeto pelo mundo”. Os sintomas podem se iniciar nas 12 semanas após o parto e são frutos de alteração metabólica no cérebro.

Para a enfermeira obstetra doutora pela Universidade Federal de São Paulo, Cinthia Calsinski, o puerpério é uma fase delicada. “Embora seja o momento em que um vínculo é formado, em que se descobre e conhece o filho, há também um bebê que chora, uma mãe cansada e angustiada com tamanha mudança na rotina e na vida”, explica.

O ginecologista e obstetra Alberto D’Áuria, de São Paulo, atenta que, durante a gestação, a mulher vive, do ponto de vista psicossomático, um rito de passagem, que culmina com o papel de mulher substituído pelo de mãe. “É uma passagem dolorosa, em que se tornam necessários a aceitação e o enfrentamento. Esse rito é melhor ou pior de acordo com as experiências de vida da mulher, que são o alicerce para um descompasso psíquico depois do parto”, analisa.

Dessa forma, quem tem histórico de depressão está mais propensa. O comportamento pré-menstrual também é um indicador, já que reflete o que ocorre com uma grande alteração hormonal, semelhante à que ocorre no pós-parto (queda brusca do estrógeno e progesterona).

Quando a paciente já inicia a gravidez com quadro depressivo e dependente de medicamentos, a avaliação médica é indispensável. “O primeiro ímpeto é de suspender tudo, mas hoje já se sabe que alguns medicamentos inibidores de recaptação de serotonina não apresentam problemas na gestação. O ideal é fazer o acompanhamento e trocar o medicamento, se for o caso, preparando o cérebro para enfrentar o solavanco hormonal que virá”, afirma o obstetra.

É preciso medicar?

Por ser uma condição que não envolve alteração da linha de raciocínio ou de consciência, o simples fato de ter a depressão pós-parto diagnosticada, muitas vezes, já traz alívio à paciente, que se sente compreendida. No entanto, na maioria das vezes, requer alguma medicação.

Os tratamentos mais usuais são feitos com antidepressivos, como alguns tricíclicos e alguns inibidores seletivos de recaptação de serotonina. D’Áuria explica que, entre estes últimos, há uma gama maior de opções, o que facilita uma possível troca. “Independentemente da opção, é essencial avaliar a dosagem e a frequência da medicação”, alerta.

Medicação x aleitamento

A medicação deve ser avaliada tanto pelo obstetra quanto pelo pediatra. Já que o leite é um veículo capaz de levar para o bebê tudo o que a mãe consome, é possível que a criança fique sedada, tenha alterações no sono, agitação ou inversão do dia pela noite. “Por isso, a conduta pode variar desde uma amamentação com frequência menor e complemento de leite externo até o bloqueio da lactação”, explica o obstetra.

Mesmo nos casos em que é preciso interromper a amamentação durante o tratamento é possível garantir o bem-estar do bebê. “A interrupção é sempre um corte, mas, em muitos casos, a medicação garante a sobrevida da mãe. Sem o leite materno, continuar embalando essa criança mantém o vínculo forte”, afirma Lelah Monteiro, psicanalista e sexóloga de São Paulo.

O tratamento da depressão pós-parto está relacionado ao período de produção de prolactina (hormônio que estimula a lactação), que dura entre 60 e 90 dias. Após esse tempo, a produção do hormônio é induzida pela sucção do bebê. Com o fim da produção natural de prolactina, a taxa de estrógeno volta a subir, com chance de a paciente se sentir melhor e não depender mais tanto da medicação.

Parece, mas não é

Além da depressão pós-parto, outros dois quadros de alterações psíquicas relacionadas às bruscas alterações hormonais podem ser diagnosticados durante o puerpério: baby blues e psicose puerperal. Muitas vezes são confundidos com a depressão pós-parto, mas apresentam diferenças importantes.

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