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Cuidado que faz bem


Interação medicamentosa, uso inadequado e efeitos colaterais podem ser detectados no diálogo entre o farmacêutico e o paciente.

 

Ser portador de transtornos mentais ou neurológicos não é fácil. Afinal, ainda há um grande estigma social por falta de conhecimento da população, da família e até de profissionais de saúde. A farmácia magistral, com sua experiência no acompanhamento farmacêutico, pode ser um aliado importante para reduzir o sofrimento do paciente. Acolhimento e humanização fazem diferença.

Quanto mais claro, melhor A farmacêutica Fernanda Nogueira Cavalcanti, de São Paulo, mestre em Farmacologia e especialista em Medicina Comportamental, reforça que manter o paciente bem informado ajuda a equalizar as expectativas, e exemplifica com a epilepsia. “À medida que o tratamento avança, é natural aumentar a dosagem. A família pode pensar que está havendo piora, quando é apenas uma necessidade que ocorre pelo aumento do metabolismo do fármaco, que é eliminado mais rapidamente do organismo e tem a eficácia reduzida."

O farmacêutico chefe do Instituto de Psiquiatria (IPQ) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Marcelo Girotto, segue a mesma linha. “O paciente é participante. É normal que médico e farmacêutico sejam questionados, contestados e desafiados. Então, faz parte muita negociação e explicação. Uma vez convencido, o paciente adere bem ao tratamento”, diz.

Alertas no balcão

Na farmácia, sempre vale a pena ressaltar a necessidade de continuidade do tratamento, modo de uso, efeitos colaterais e interações. Especialmente porque nem sempre o paciente alerta o médico de todos os medicamentos que está usando e sobre seus hábitos de vida.

“Alguns anticonvulsivantes alteram o metabolismo dos anticoagulantes, podendo interferir na eficácia”, exemplifica Fernanda. “Já a mulher que se previne com anticoncepcionais orais pode engravidar se não for alertada sobre o risco de interação com alguns antidepressivos.”

Aaron de Oliveira Barbosa, também farmacêutico do IPQ do Hospital das Clínicas, lembra que o conhecimento do farmacêutico ajuda a mapear falhas na forma de uso. “Posso citar um caso de prescrição de ziprasidona. O médico aumentava a dose, mas continuava não fazendo efeito. Descobri que o paciente estava tomando o medicamento de estômago vazio, reduzindo em até 60% a absorção”, conta.

Fernanda Cavalcanti aborda também a possibilidade de contatar o médico. “Nos pacientes com epilepsia que usam fenitoína, tanto a baixa quanto a alta concentração do fármaco no sangue podem provocar convulsões. Então, às vezes o médico receita uma dose alta do medicamento, mas as convulsões não param. Se o farmacêutico identifica esse processo, pode sugerir que o prescritor monitore a concentração plasmática da substância e avalie a necessidade de uma dose intermediária personalizada”. Aaron concorda: “É papel do farmacêutico estranhar o que não é trivial e, na dúvida, intervir”.

Outro ponto é a interação medicamentosa: na psiquiatria, a polimedicação é muito comum, bem como o risco de interação e de baixa adesão ao tratamento. Ter esse conhecimento é fundamental tanto para sugerir ao prescritor associações de princípios ativos em uma só fórmula, reduzindo o risco de erros de uso, quanto para saber o que não pode ser associado ou usado no mesmo horário, seja por critérios farmacológicos ou legais.

Medida de segurança

Em alguns casos de transtornos psiquiátricos há a preocupação com a autonomia do paciente no manejo do medicamento. A experiência do Hospital das Clínicas da USP mostra que acompanhar de perto o indivíduo e disponibilizar a quantidade certa do medicamento – especialidade da farmácia magistral – é uma medida efetiva. Além de garantir um tratamento personalizado, sem sobras, essa opção permite a proximidade rotineira do paciente com os profissionais de saúde (médico e farmacêutico), aumentando as chances de sucesso.

Fonte: Revista Anfarmag

 

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