Medicamentos manipulados são grandes aliados no tratamento individualizado de pacientes psiquiátricos
O sucesso do tratamento de uma patologia psiquiátrica deve-se, em grande parte, à eficiência dos medicamentos usados. Para resolver a equação, é necessário que as doses sejam administradas de acordo com a necessidade de cada paciente. Se toda pessoa é única, a prescrição também deve ser singular. “Apesar de um mesmo medicamento poder ser receitado para duas pessoas com a mesma doença, a dose poderá ser diferente, pois cada paciente responde de uma forma”, explica o psiquiatra Antônio Miguel Filho, de São Paulo
Nesse sentido, o uso de fórmulas magistrais, preparadas de acordo com as especifi cidades de cada indivíduo, é uma excelente opção. “A medicação manipulada facilita o trabalho do médico, já que ajuda na adequação do tratamento”, explica o psiquiatra, que recomenda o trabalho das farmácias magistrais há 20 anos.
Tratamento acompanhado
Normalmente, o processo é iniciado com doses pequenas que são aumentadas gradativamente, de acordo com a necessidade, observando-se as reações do paciente. Exatamente por isso, o acompanhamento é indispensável, principalmente na fase inicial de adaptação.
Em casos mais graves, é recomendado que os encontros aconteçam a cada semana para avaliação do progresso. “Os antidepressivos levam cerca de três semanas para começar a fazer efeito e requerem ajustes de dosagem com o tempo. É muito mais eficiente já manipular o fármaco na dose correta”, afirma.
Associações e formas
Além de regular a dose da medicação, as fórmulas manipuladas permitem outras facilidades que refletem positivamente no tratamento. Exemplo é a possibilidade de associar mais de um medicamento em uma mesma forma farmacêutica. “Isso melhora muito a resposta ao tratamento, pois, além de ser prático, torna-se psicologicamente positivo para o indivíduo”, argumenta Antônio Miguel Filho.
As diferentes formas farmacêuticas disponíveis são outro ganho. É possível optar por gotas, xaropes ou cápsulas de liberação modificada, por exemplo, melhorando a administração e a absorção.
Características genéticas
O tipo de resposta de cada paciente a uma medicação psiquiátrica pode estar relacionado a variáveis ambientais e genéticas. Com o objetivo de fornecer informações precisas para a definição da dose nesse tipo de tratamento, o Laboratório de Neurociências da Universidade de São Paulo (USP) realiza, desde 2009, um exame de genotipagem que identifica características do metabolismo do paciente em relação a determinados medicamentos. O teste é baseado no mapeamento dos genes CYP2D6, CYP2C19, CYP2C9 e CYP1A2 e o resultado deve ser interpretado em conjunto com outras informações de importância clínica. Segundo informações divulgadas pelo Laboratório, “estima-se que a genética pode ser a razão de 20% a 95% da variabilidade na disponibilidade da droga e em seus efeitos”.
O que formular
O diazepam é um benzodiazepínico que tem ação ansiolítica, sedativa, anticonvulsivante e de relaxante muscular. É usado também em procedimentos como endoscopia, no controle dos espasmos musculares e no tratamento da síndrome de abstinência do álcool. Dependendo de sua indicação terapêutica, pode ser preparado em mais de uma forma farmacêutica.